Caso Kalume: Justiça nega novo pedido de prisão domiciliar para médico condenado em esquema de tráfico de órgãos

  • 30/10/2024
(Foto: Reprodução)
Mariano Fiore Júnior, de 76 anos, é um dos três médicos condenados pelo caso que aconteceu em Taubaté, na década de 1980. Mariano Fiore Junior, condenado no caso Kalume TV Vanguarda/Reprodução A Justiça negou, nesta terça-feira (29), um novo pedido de prisão domiciliar para um dos médicos condenados no Caso Kalume, em Taubaté. O pedido havia sido feito pelo médico Mariano Fiore Júnior, de 76 anos, pela segunda vez. Ele solicitou à Justiça a possibilidade de cumprir a pena em casa, alegando que tem problemas de saúde. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp A Justiça, contudo, afirmou na decisão que o réu deve comprovar que o tratamento que ele precisa não é fornecido adequadamente em uma unidade prisional. Na última semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo já havia negado um primeiro pedido feito pela defesa de Mariano Fiore. Além de Mariano, outros dois médicos foram condenados: Rui Noronha Sacramento e Pedro Henrique Masjuan Torrecilhas, que morreu no dia 20 de outubro. Médicos condenados no caso Kalume Reprodução/ TV Vanguarda Prisão imediata A Justiça determinou na última semana a prisão dos três médicos envolvidos no Caso Kalume. No documento, o magistrado determinou a execução imediata das penas privativas de liberdade que foram impostas aos médicos Pedro Henrique Masjuan Torrecilhas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior. Os pedidos de prisão foram motivados por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que condenados pelo júri devem cumprir a pena imediatamente, mesmo que ainda possa recorrer a outras instâncias na Justiça. Caso Kalume: justiça determina prisão dos médicos A decisão foi tomada no dia 14 de outubro e foi assinada pelo juiz Flavio de Oliveira César, da Vara do Júri - Infância e Juventude de Taubaté. No documento, o juiz relembrou também que os três foram condenados pelo Tribunal do Júri a 17 anos e 6 meses de prisão em regime fechado, mas que a pena foi reduzida para 15 anos - leia mais abaixo. LEIA TAMBÉM: Caso Kalume: médicos são condenados por homicídio TJ-SP mantém condenação de médicos, mas reduz penas para 15 anos Entenda como esquema de tráfico de órgãos no interior de SP ajudou a regulamentar transplantes no país Caso Kalume Reprodução/TV Vanguarda O caso Em 1987, em Taubaté, cidade localizada a 130 km da capital paulista, o médico Roosevelt Kalume foi o responsável por revelar o suposto esquema de tráfico de órgãos no antigo Hospital Santa Isabel, onde hoje funciona o Hospital Regional de Taubaté. Então diretor da faculdade de medicina, ele procurou o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) para informar que um programa ilegal de retirada de rins de cadáveres e pacientes vivos, para doação e transplantes acontecia sem o seu conhecimento e aval. Ao todo, três médicos estariam envolvidos no esquema: Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Mariano Fiore Júnior e Rui Noronha Sacramento. Na época, o assunto ficou conhecido nacionalmente e a imprensa batizou de caso Kalume, em referência ao sobrenome do médico que denunciou o caso para as autoridades. O escândalo resultou na abertura de inquérito policial em 1987 e até virou alvo em 2003 da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurava a atuação de organizações criminosas atuantes no tráfico de órgãos no Brasil. Caso Kalume Reprodução/TV Vanguarda Condenação A investigação durou 10 anos e a Polícia Civil de Taubaté concluiu o inquérito responsabilizando quatro médicos pelas mortes de quatro pacientes. O outro médico apontado no inquérito foi Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que morreu em maio de 2011, meses antes do julgamento. O caso foi à júri popular em outubro de 2011 – 25 anos após o acontecimento – e resultou na condenação dos três médicos a 17 anos de prisão. Eles foram condenados por homicídios dolosos a quatro pacientes. Por não apresentarem antecedentes criminais, os três médicos condenados puderam responder ao processo em liberdade e, em 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a condenação do trio, mas reduzindo a pena para 15 anos de prisão. Imagem de arquivo - Caso Kalume: Entenda como esquema de tráfico de órgãos no interior de SP ajudou a regulamentar transplantes no país BBC Em 1988, os médicos foram absolvidos das acusações de tráfico de órgãos e eutanásia nos procedimentos administrativos e éticos do Cremesp, e do Conselho Federal de Medicina (CFM) em 1993. Além disso, o caso em Taubaté ajudou na discussão a respeito da elaboração da atual lei que trata sobre a regulamentação dos transplantes de órgãos no país até hoje. Em 1993, Kalume chegou a publicar um livro sobre o caso. Para narrar os fatos, ele usou nomes diferentes dos personagens da vida real. No entanto, a obra, que faz parte do processo contra os médicos, deixou de ser publicada. Reportagem de 2012 mostrou que um ano após julgamento, caso Kalume seguia longe de um desfecho Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina

FONTE: https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2024/10/30/caso-kalume-justica-nega-novo-pedido-de-prisao-domiciliar-para-medico-condenado-em-esquema-de-trafico-de-orgaos.ghtml


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